Medo. O ar não entra nem sai. Como acordar de um desmaio, emergir. Busco com todas as minhas forças o ar que se esconde em algum lugar aqui dentro, ele está aqui, tem que estar. Não encontro, vasculho com uma intensidade cada vez maior, dentro, fora, no chão, nas paredes. Alívio. As lágrimas trazem o ar, repito a mesma ação de vinte anos atrás, é incrível como a domesticação não apaga os extintos. Paro. Não posso interromper. Continuo. Tudo por dentro parece estar vivo, trêmulo, cansado do esforço anterior. Não pare, você sabe o que acontece. Volto me sinto tonta, não importa. Próximo exercício. Tudo parece se mover com mais força. Fecha-se o canal. A cabeça dói. Parece que finalmente vai sair. Seguro. Ok, não posso parar. Volto novamente. De repente tudo de novo. Não dá, não quero que saia. Sento, falta o ar. Olho para o nada. O ar volta. Quer sair de novo. Tosse, engulo novamente. Estou bem, não se preocupem minha cara não pode estar tão ruim assim. Você vai morrer. Eu sei, algum dia, que sabe. Volto novamente, não adianta impedir. Transe. Acordo. Arroto. Risada. Dói na lombar. Cigarro? Não, quero vomitar. Cheiros, sons. Os grilos estavam lá! Fiquei com medo de perguntar, e se não estivessem? Ônibus. Quase bateu. Casa, finalmente.
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Um comentário:
Você finalmente estava em casa.
Era casa?
Você vai sentir quando for.
Não será...
Dé
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