sexta-feira, 19 de março de 2010

Sobre a apresentação de "Canção para Bella Donna"



Logomarca da Deadly Nightshade Productions, empresa produtora de filme pornográficos dirigida por Michelle Ann Sinclair, a Belladonna e seu marido Aiden Kelly.





O tema alude, mais diretamente, à planta cujo nome científico é Atropa Belladonna, conhecida popularmente como Beladona, bela-dama, erva-envenenada ou deadly nightshade (em inglês). Alude também a Michelle Ann Siclair (já que o fio que une as minhas pesquisas é a pornografia) que encarna a persona pornográfica de nome Belladonna.

A Beladona é uma erva rara, cuja composição química contém alcalóides que atuam no sistema nervoso humano. O alcalóide específico dessa planta é a Atropina, que provoca, entre outros efeitos, a redução da atividade do sistema nervoso parassimpático, que responde parcialmente por atividades viscerais, como secreção de glandes e outras atividades automáticas do corpo (movimentos dos órgãos internos, vulva e testículos, etc.). Seu fruto é pequeno e tem um gosto levemente doce. Uma dose pequena dela pode ser fatal, necessitando de apenas cinco a dez frutos para matar um ser humano adulto. Apesar disso, também é usada como planta alucinógena por alguns, provocando delírios. Em 1700, foi dado o nome de Bella Donna (Bela mulher, em italiano) a essa planta graças ao uso que se fazia dela por algumas mulheres, que a utilizavam nos olhos para aumentar o tamanho de suas pupilas.[1]

As relações que podem ser feitas entre o nome da persona pornográfica e a planta são as mesmas que se fazem entre sexo e morte [2], e a linha tênue que separa o excesso de prazer da destruição completa. Podemos identificar relações sadomasoquistas e edgeplay[3] aqui, mas para o assunto não se estender muito (Freud escreveu pilhas de páginas sobre isso) vamos nos ater ao tema em questão. Ao pesquisar sobre "Canção para Bella Donna" encontrei a música "Bella Donna" de uma cantora norte-americana chamada Stevie Nicks. A música tem um ritmo de folk rock e sua letra fala sobre uma mulher, o relacionamento que a autora tem com ela (de amizade, aparentemente) e sobre como a relação entre as duas é intima a ponto da autora compreender certos comportamentos da outra garota quando a maioria das pessoas parece não conseguir.

Após ouvir a música e ler a letra, me veio uma idéia sobre como introduzir o tema da pornografia, que sempre encontra um misto de resistência e curiosidade das pessoas. Decidi retirar a pornografia de seu contexto, apresentando idéias que não seriam pornográficas à primeira vista, como a música em questão e sua letra, para aí apresentar a possibilidade de se entrever sexualidade ou pornografia naquele contexto. Então, primeiro eu toquei a música, todos os presentes ouviram e depois eu perguntei o que havia de pornográfico na mesma. Foram encontradas várias conexões que não havian sido feitas na primeira leitura da música. Como exemplo, os versos "Cavalgar no pônei" e "A coisa toda é falsa." foram relacionados rapidamente a atos sexuais e filmes pornográficos.

A música conseguiu quebrar vários problemas que já haviam sido encontrados em conversas anteriores, tanto informais quanto discussões de pesquisa relacionadas ao tema. A partir daí consegui entrar no assunto do mundo pornô e atrair as pessoas para ficarem interessadas em compreendê-lo. No geral, a discussão não teve tempo o suficiente, mas pornografia (e sexo em geral) só precisa de alguém que tenha coragem de sustentar o assunto caso algo dê errado. A mística do mesmo mantém a peteca no ar. E se cair, aquela pessoa que começou precisa de energia para jogar a bola de novo.


[1] Fonte: Wikipedia

[2] A própria Michelle utiliza a planta como logomarca de sua produtora, a Deadly Nightshade Productions.

[3] Edgeplay é uma prática sexual do ramo BDSM (Bondage, Dominação e Sado-Masoquismo) na qual os limites não são tão bem definidos quanto no BDSM comum e há sérios riscos de ferimentos graves ou morte. Apesar de o que é considerado arriscado demais ser relativo dependendo das circunstâncias, o termo se refere a quaisquer práticas consideradas fora do nível de segurança para aquela situação específica. (Fonte: Wikipedia)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Filhotes à venda.

O Projeto Disfunctorium dá as boas vindas a seus dois novos membros: Hikel Brauwn (vulgo Hórus) e Felipe Fagundes (Vulgo Fifi). Sejam bem vindos e se preparem que depois de entrar, nêgo, pra sair só morto.
O Projeto Disfunctorium agora é composto de:
Anderson (Pão)
André Luiz
Chrystine Silva
Felipe Fagundes (Fifi)
Hikel Brauwn (Hórus)
Paulo Querino (Juão)
Kadu Oliveira
Maria Carolina
Melina Duarte
Yuri Kotke

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Projeto Disfunctorium apresenta: Projeto Ludovico - Serial Killers



O Projeto Ludovico - Serial Killers é o primeiro evento produzido diretamente pelo Projeto Disfunctorium, misturando no ato de seu acontecimento diversas linguagens artísticas num mesmo espaço, num mesmo momento. Este evento, realizado em parceria com o Espaço Frutos, se debruçará sobre a temática dos Serial Killers, como já citado, visando uma exploração estética em cima dessas figuras, tão características por sua minúcia, horror e engajamento para a satisfação de seus desejos. Afinal, quem sabe a arte de modo geral não estivesse em melhores mãos se fosse feita com mais prazer e sangue do que com higiene e carinho.

O Projeto Disfunctorium é formado por:

Carol Piñeiro

Chrystine Silva

Juão

Kadu

Mel

Pão

Yuri Kotke


Colaboradores neste evento:

Neto Alucilde

Ana paula

Isabela Andrade

Felipe Cabral


Beto leite

OFICINA DE BUTOH (DANÇA-TEATRO JAPONESA)


O Projeto Disfunctorium organiza no dia 31 de maio, das 14:00 às 21:00, no Espaço Frutos uma oficina de Butoh (Dança-Teatro japonesa), abordando elementos do surgimento desta vanguarda, seus principais ícones, questões de implicação teórica de sua prática, e trabalhando através de exercícios processos de criação nesta modalidade artística.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

"Estudo Sobre Natureza Morta"


Apreensão desde o início... Não consegui dormir, comer: medo. Mesmo sabendo que tudo poderia acabar a qualquer momento, é só dizer não. Essa negação não sairia de mim, tinha que sair, tinha que sair.
Chegada: muito cedo.
Espera: longa, mas mais curta do que eu gostaria que fosse.
Preparação: simples, como seriam as doze horas.
Arruma-se o pano, a flor, o azul que saiu duas horas depois, do qual me lembrei até o fim da noite: a flor doce que me embrulha o estômago. Não era fome, não era sede,
não era...
O último beijo antes no início da eternidade.
Movimento, movimento, linhas, toques e, dores. As dores somem, ao me tocar pareço não estar me tocando: suor, aspereza. Sono, não,
eu apenas esquecia...
Pessoas vinham e iam, e eu ali.
Energias se renovavam, e eu ali.
A concentração ia embora, e eu ali.
A dor segue o caminho, e eu ali.
A concentração voltou, apenas uma vez, por algumas horas antes de ceder seu lugar para a realidade que apagava.
O Sol me persegue, a eternidade do crepúsculo.
Muda a partitura: acentos, fluxo, tônus. Até que o cansaço: MUDA TUDO. Movimentos tomam uma nova forma. De dentro, o avesso.
O frio treme.
O calor engrandece.
O medo intimida.
As dores quebram.
E eu ali.
Espaço branco me cobria, paredes. Ninguém toca. Nada. Ninguém entra.
Todos olham.
Comeu? Não! O que é? É! Pra que serve? Sim... Eu sei, ele explica. Ele me olha, ele me cuida, nunca pareceu tão longe... O espaço branco.
Uma criança na chuva.
Pára!
Não to mais aguentando!
Não sei!
Falta pouco, só mais um pouco...
Dez horas e alguns relevantes minutos.

sábado, 23 de agosto de 2008

De verdade, verdade mesmo??



Demorei um pouco eu sei, mas é que as feridas não fecharam só abrem mais e mais. Tá difícil confiar em alguém. Nos três dias... Ao me tirarem as unhas os dedos também foram levados, não pensei que doeria tanto. Dói, sufoca, engasga. Tentei desistir, não consegui. Enfiei outras coisas garganta abaixo pra ver se o mal-estar ia embora e foi, mas voltou nos três dias. È duro ver seu espaço preenchido inutilmente por outras... Outros... Barulhos. Deve ser essa a palavra dos três dias: barulho. Três tipos de barulho que se juntavam na minha cabeça e formavam algo do tipo... Sei lá, mas a cabeça dói, até parece que as dores do frio e do sono não eram suficientes. Não sou simpática e nem quero tentar ser, mas fui. Horários não cumpridos, já nem me importava mais, só queria ir embora e deixar de lado o: ”Nossa vocês tem um stand!!”. E o coração sufoca. Personagens faziam por mim o que eu não queria. “Dê um mosh! Pule sobre o público!” (três pessoas) isso deveria ser engraçado, acho que machuquei alguém. Fotos. Não queria me ver no primeiro dia. Nem no segundo. No terceiro: “Você ta bem?”. Eu estava, é só que às vezes tudo sufoca. E quando acordei era a vez do outro personagem. Os pés e pernas não obedeciam, nem eu tinha força pra lutar contra. O riso tomava conta do meu rosto, esses não são meus olhos, mais uma máscara. Fotos: precisamos de registros!!! Eu só queria apagar.

domingo, 17 de agosto de 2008

De repente, não mais que de repente

Compromissos selados. Férias doadas. Levantar junto com o sol. O frio. Atrasos constantes e indesejáveis. Justificativas. Prioridades. O café travando na língua. As dores pelo corpo. Joelhos carimbados. Calos abertos. Eu e mais alguém. Ninguém mais. Todos lá. Eu aqui. Ainda assim me roubavam as noites. E eu reconheço cada cheiro, cada passo, cada inspiração, cada voz tentando desesperadamente se impor sobre a outra. Mágoas imaturamente adquiridas. Sempre há uma nuvem levemente cinza sobre as nossas cabeças. Tudo no papel. Nada nas mãos. Chegaram e arrancaram as nossas unhas com a desculpa de que ainda tínhamos os dedos. É que esses 30 dias não se refletiram nesses últimos 3. Todas aquelas perguntas que não sabiam se desejavam realmente uma resposta... Sempre havia um interesse malévolo ao se aproximarem. Mãos por toda parte. O frio. O frio. O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio.O frio. Água gelada pra aquecer. É que eles se interessam mais pelo que está embaixo da roupa, da pele, do osso. Eles querem sangue mas têm vergonha de admitir. Tudo o que foi dito perdeu-se na ventania que o mar soprava. Eu não consegui espalhar gargalhadas por lá. Ainda bem que o céu chorou por mim. Talvez a velocidade que pensamos estar seja apenas uma ilusão.