quarta-feira, 2 de abril de 2008

Processo Acumulado

É incrível como as palavras estavam escassas para mim, quando tentava falar sobre o Disfunctorium.
Esta sendo um processo muito desgastante para mim (acredito que para todos os integrantes, incluindo o apoio) porém acredito que se não fosse tão intenso não teríamos condições de estrear em dois meses.
O grupo "nasce" em janeiro, estréia em março (MIRP 2), apresenta um extrato em abril no Departamento de Artes (UFRN) na segunda semana de Licenciatura em Teatro contanto com a presença de professores de outras Universidades, tais como Ciane Fernandes (UFBA) e Ana Teresa Reynaud (UNIRIO) tudo isso, sem intervalos.
Como já foi colocado, não tivemos praticamente vida social, nosso tempo era dividido entre ensaios diários, reuniões, e processo de montagem. Um mês antes da estréia eu imobilizei meu pé direito, fruto de uma torção (não vinculada ao Disfunctorium) e não pude comparecer por uma semana no processo. Quando retornei me senti completamente perdida, pois como o processo era diário, pode parecer que não, mas perdi muito da evolução dos extratos/experimentos. Essa sensação de não saber o que estava acontecendo passou com o meu retorno as atividades do grupo, porém eu ainda não sabia qual o tipo de excreção que eu gostaria de trabalhar, qual seria a minha mensagem no MIRP.
Foi então que certos acontecimentos (tanto na minha vida, quanto de uma visão geral, digamos "a minha visão geral") e duas conversas em especial, me remeteram ao que eu gostaria de abordar, a banalização dos relacionamentos na "atualidade". Podando sensações, controlando, se deixando controlar, assassinando qualquer afeto inicial, tornando-se uma anulação diária. A imagem mais forte para mim foi o casamento, sendo mais direta a questão da noiva. A preparação para uma nova vida, uma vida a dois (ou mais), preparação para a morte do individual (ou não), a anulação do relacionamento em si, a transformação de um relacionamento afetivo para uma parceria financeira. Pensei inicialmente em uma partitura no chão (me apaixonei por partituras com o auxílio de joelheiras) esta, que eu desenvolvi durante os ensaios e algumas partes em casa ao som de Cocoroise (como Cocoroise inspira!). Montei a partitura com o intuito de no final vomitar em cena, ao meu ver o vômito não seria simplesmente a excreção em si, mas sim toda essa deturpação do belo que se torna cruel, ou mesmo o próprio ser expelindo o pior, que está dentro dele mesmo. Os últimos movimentos dessa partitura me deixariam muito enjoada e tonta, o vômito seria proposital, e em cima do véu (e amarelo !? piada interna xD).
Duas horas antes de o evento começar, ainda estávamos resolvendo questões da cenografia, e eis o "primeiro" stress , os homens responsáveis pela iluminação do evento disseram que não era seguro efetuar a primeira intervenção na qual eu estaria em um balanço pendurado na estrutura do Estação Riberia. Ok, duas horas, pense rápido...
Pense RÁPIDO! ¬¬
Sim, eu fiquei super nervosa, tentaram me ajudar, mas eu precisava fazer isso sozinha, porque tudo o que me indicavam eu achava algum problema. Eu realmente estava muito nervosa. Foi quando eu subi para o sótão da Estação, aonde eu podia ver todo o espaço, e as primeiras coisas que eu vi foram o carrinho de supermercado e o bendito balanço. Desci juntei os dois e amarrei a corda do balanço em um dos pilares. Me senti em uma excreção não realizada, algo que não consegue se dissociar, bem foi a minha viajem.
Mal tivemos tempo de almoçar e já estávamos nos arrumando para entrar em cena. Senti muito stress durante o dia, tanto com pessoas do grupo( a própria ausência de integrantes ) quanto com o público. Eu não consegui vomitar em cena, mas achei que essa energia "ruim" deu um impacto maior para a minha partitura, fiquei mais intensa, e me senti (não sei se foi o caso) mais visceral. Gostei também de utilizar a iluminação local.
O Restaurante/Pop art me deixou com a sensação de "bem-estar" (mesmo com algumas dores no corpo) e o Boliche Humano foi digamos que uma "piada interna" não no sentido pejorativo, mas sim no sentido que só quem participou sabe o quanto foi bom, levamos/lavamos tudo que podíamos, incluindo o stress.
Após esses 3 meses de stress diários tiramos umas “férias” do Processo, infelizmente não dos integrantes pois estudamos praticamente todos no mesmo curso e nos vemos involuntária (ou voluntariamente) todos, sim TODOS os dias (involuntariamente nos dias de semana, voluntariamente nos fins de semana).
Recebemos a proposta de apresentar um extrato na segunda semana de Licenciatura em Teatro. Um dos integrantes estava em Curitiba e chegou um dia antes da apresentação. Ocorreram alguns problemas, mas o que mais tirava minha concentração e ao mesmo tempo me deixava mais animada era a presença de Ciane Fernandes e o fato dela ter adiado a volta para Salvador para ver a intervenção no Departamento. Alex obrigada.
O intervalo do Restaurante/Pop Art para a segunda intervenção foi muito pequeno, quase escasso. Ocorreram algumas improvisações interessantes no Pop Art, mas a segunda intervenção para mim foi mais impactante. Tanto pelo espaço, quanto pelo grupo. Eu tive que adaptar a maioria da minha partitura por causa do espaço, mas eu gostei muito, senti um fluxo maior e a apropriação do espaço resignificou a minha partitura, e a iluminação também ficou muito boa. Com relação ao grupo senti uma, digamos que, união entre todos os movimentos/deslocamentos. No momento eu não percebi, mas tive a oportunidade de ver um vídeo amador, no qual senti o grupo mesmo com os problemas, unido. Cada um “cobria o espaço que o outro deixava”.
O apoio foi/é extremamente necessário. Tanto em apresentações ajudando na montagem, iluminação, sonoplastia, quanto em (tentar) acalmar o resto do grupo. Bem, agora eles já estão tão “adaptados/infectados” que também se estressam. No final da apresentação no Deart eu e Chrystine fomos (sim, não conseguimos nos segurar) conversar com Ciane Fernandes, foi uma conversa muito interessante (fica a dica).
E para encerrar esse pequeno post, eu não vi mas, dizem que eu caí no momento exato que acabou a música (uhu!) .

5 comentários:

Carol disse...

Não consegui colocar as fotos que eu queria, depois eu edito, ou Catarina me mata.
Carol

Catarina Alice disse...

Pode crer, ficou muito pequeno.

xp

Chrys disse...

Finalmente!!!!

(Touro->racional)

meL disse...

Bem, já vi que eu serei a revisadora oficial dos posts! ¬¬'

Catarina Alice disse...

Melina para revisão!!!!!!!!


Vote chapa 1!!!


\o/