terça-feira, 13 de maio de 2008

Let Me Take You Down

Me propondo o desafio que lanço contra todos num momento de exaustão dentro da nossa sala de trabalho, algumas palavras sempre outras me perseguem. Minha escrita:

Entro na sala sem saber como todos estaremos ao final desse momento sempre trauma de outros sons outros corpos e começamos uma nova parte de um equilíbrio indefinível sem saber se a força o peso o choro e mais terão qualquer valor ao final de cada movimento-movimento-queda-grito eu desperto de uma calma alerta e eles me encaram, o som ainda é mais leve. Os corpos deles somem a cada dia eu olho a dança de seus sintomas e feridas e a beira da percepção de que eles são sempre mais rápidos que qualquer forma ou que quer que seja oferecido por cada treinamento me torno cada vez mais convicto de que o corpo deve estar assim enfurecido, extasiado, exaurido, bêbado, gozado num caldo saliva-suor para que tudo-fluxo irrompa o abismo numa aceleração impalpável que aos olhos pareça repouso e permita por um curto momento após horas de tudo-fluxo movimento-movimento-queda-grito uma epifania quase inotável onde sei o que quer dizer estar assim caído cego e fúria de outras vias eu chego até eles nós somos assim estar assim por um curto momento oferecido por cada treinamento indefinível como todos feridas numa aceleração mais leve a beira de um indefinível trauma sem saber.

No entanto (até no-entanto dizia agora) estava ali e era assim que se via. Era dentro disso que precisava mover-se sob o risco de. Não sobreviver, por exemplo - e queria? Enumerava frases como é-assim-que-as-coisas-são ou que-se-há-de-fazer-que-se-há-de-fazer ou apenas é-o-final-que-importa. E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto de morangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de alguma gaveta” (Caio Fernando Abreu, Morangos Mofados).

2 comentários:

meL disse...

Ai, sei nem bem o que dizer. Mas quando li suas palavras percebi que vc tb sente algo no meio daquilo tudo, como se vc tivesse se tornado mais humano! o.O'
É que lá na hora, vc faz muito bem o papel de ministrante! ;)

Chrys disse...

Parece praticamente impossível imaginar que vc tenha qualquer uma dessas sensações.
Nos ensaios vc parece tão distante, e de certa forma isso me dá medo, às vezes raiva, mas sempre segurança!