quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Exaustão e os Limites Demarcados

3º Workshop ministrado por André no dia 24 de abril de 2008


Nestas palavras falarei apenas por mim. Falarei apenas através das minhas dores físicas e psicológicas, das marcas arrocheadas pelo meu corpo, dos músculos esgotados, dos ossos fatigados, da mente desnorteada e das lágrimas involuntárias.
As palavras escolhidas para serem convertidas em imagens e sensações iniciaram o processo. É interessante ver como as suas palavras, os seus sentimentos são compreendidos e traduzidos pelo outro. Das apresentações mais modestas às mais elaboradas (dentro da perspectiva de elementos visuais) todas causaram um tipo de choque, seja comovendo, desagradando, ofendendo, sempre com um elemento inesperado.
Lembro que assim que essas reuniões foram acertadas entre todos os integrantes do grupo, André explicou a metodologia (não sei bem se essa é a palavra mais correta para ser colocada) que iria utilizar e falou do limite e da exaustão. Definindo "limite" de acordo com o dicionário: "grandeza constante, da qual outra pode aproximar-se indefinidamente sem nunca a atingir." Aí vem os tais pontos "X" e "Y" que vamos descobrindo durante o processo através da exaustão física. Difícil não é alcançá-los, difícil é chegar lá e não conseguir se manter ou ultrapassá-los. Então penso que talvez apenas conhecê-los já seja válido.
Quando chego no meu limite, ou onde imagino que o seja, sinto um misto de vitória e derrota. Uma estado eufórico e passageiro seguido de um receio ou falta de confiança de seguir em frente, como se eu tivesse medo do meu corpo não suportar o próximo nível. E algo na minha cabeça insiste em dizer que já é o suficiente, que não é mais necessário continuar, um pensamento medíocre e insistente. Assim tenho que lutar contra os bloqueios da minha mente e a fadiga do meu corpo. Essa luta eu ainda não ganhei, pois no fim de tudo, apesar do cansaço, do peso e do vazio, sinto que posso mais do que fiz, e me decepciono com isso. Mesmo com a idéia de "processo", ou seja, de algo que tende a crescer progressivamente, deparar-me com os meus limites do presente faz com que eu me questione sobre as minhas escolhas e opções.
Confesso que hoje, durante o último exercício e após o término das atividades, perguntei a mim mesma se era ali que eu gostaria de estar, com aquelas pessoas e aquelas experiências. Foi uma escolha minha, de livre e espontânea vontade. Então porque questioná-la? Esses momentos exaustivos trazem à tona confusões ignoradas por nós durante a rotina cotidiana.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bem....as oficinas estão sendo mt proveitosas, cansativas
é mt desgastante mesmo,
me questiono muito sobre várias coisas que só entram na minha cabeça naqueles momentos de esforço grandiosamente inexplicaveis para manter-se e aguentar cada vez mais.
Ontme foram criadas imagens que ficarão na minha mente pra sempre...e eu to percebendo que não só escrever no final das oficinas geram uma base pra criação, pq ontem me peguei na vontade de desenhar, bem...nao sei se vai contra o que é proposto, mas acho que a folha ta em branco lá pra qualquer tipo de dramaturgia né?
proximo encontro eu pergunto a André..

*Catarina não sabe o que perdeu (off)

;)

Catarina Alice disse...

Tudo é uma troca, não perdi. Nós todos ganhamos.

Unknown disse...

Me surpreendo com os resultados dos workshops cada vez mais.
Os extratos a cada ensaio, as energias que passam de um corpo para o outro, as fraquezas cada vez mais expostas. Um grupo que se desmembra quando alguem falta, mas que cubre cada espaço vazio.
Estou adorando esse projeto, quanto mais intenso, melhor.