Uma idéia que passou rapidamente pela minha cabeça após ver uma foto na internet: uma mulher amarrada numa cadeira, totalmente imobilizada, com as suas pernas presas de uma forma que não era possível fechá-las, completamente exposta ao uso e abuso do seu corpo por terceiros. Se ela estava consentindo ou não aquilo eu não poderia saber, mas eu faria aquilo de forma consciente, concederia o meu corpo para uso de terceiros sem pedir permissão ao próprio corpo.
Toda a proposta está ligada diretamente a experiências pessoais. Mesmo quando, por livre e espontânea vontade, permito o meu corpo ter prazer através de terceiros ou de mim mesma me sinto violada, abusada e por fim culpada por permitir tal situação.
Confesso que não sabia como iriam reagir eu e o público presente. Não houve ensaios, tudo foi improvisado: o local onde seria realizada a performance, a cadeira, as cordas, o cartaz, quem iria me amarrar, como eu iria chegar até lá... tudo!
Assim que me vi com os membros imobilizados (e alguns nós dados até por mim mesma), com pessoas estranhas a minha volta e incapaz de reagir a qualquer intervenção é que me dei conta de que estava à mercê de riscos que até tinham passado pela minha cabeça, mas não pensei muito neles por subestimar o público ou pra não me fazer desistir de realizar a performance.
Vendo que as pessoas não se aproximavam (Como eu tinha pensado!), Yuri e André começaram a oferecer o "lubrificante". Umas continuaram longe, outras queriam ir mas não se deixaram ou não foram deixadas interagir... Até que Ramon se aproximou e começou a fazer exatamente o que eu imaginava que as pessoas fariam. Ele não foi audacioso ao ponto de tocar partes íntimas, mas foi a intenção colocada nos seus gestos que me fizeram me sentir na situação de abuso consentido. Tentava me mover, levantar, tirá-lo de cima de mim, mas era impossível. Logo depois se aproximaram mais duas pessoas (creio que eram amigos dele) e começaram timidamente a participar da "brincadeira". O fato de Ramon ser um amigo, uma pessoa conhecida, não mudou em nada a sensação de invasão e abuso.
Todas as lágrimas e gritos excretados naqueles minutos (Foram o quê? 5 minutos? Pareceram bem longos esses 5 minutos...) foram reais. Era a única maneira que eu tinha de tentar me proteger ou suportar. Imagens e sensações foram desenterradas da minha mente naquele momento e era como se eu as estivesse vivendo novamente, ali, naquela cadeira.
PS: Eu respirei fundo antes de levantar a cabeça, sorrir e dizer: "Tudo bem!" Eu quase (quase!) perdi o controle naquela noite...
4 comentários:
Putz! Não tava lá... =T
Mas pelas fotos deu para ter uma idéia. Aliás! Essa de Pablo... Linda! Linda! Não pela modelo... Hohohohoho...
=p
"Não pela modelo?" ¬¬'
Sem a modelo não haveria performance meu bem! :P
Adoooooooooooooooooooro
Adorei o texto. Escreve muito bem e soube dar um toque sexy.
Mel, você é audaciosa. Queria ter te amarrado.
É interessante ver uma pessoa que não é de contatos físicos,se deixar ser tocada. Talvez isso seja um sinal de que algo está mudando. Ou não.
Camila Maria
Postar um comentário