terça-feira, 12 de agosto de 2008

"15 passos / e uma queda livre"

"Eu não sei por quê
Me sinto com a língua tão presa.
Não sei por quê me sinto
Tão esfolado vivo."
Myxomatosis, Radiohead.

Não tem a ver com descobertas e encontros.
Não tem a ver com heroísmos.

Os dias vêm sem muita mudança. O ritmo meio nervoso do sangue que dá voltas vira ciclo, costume, hábito adormecido entre outros tantos. Vício comum. Não indispensável, mas algo cuja falta é irritante. Um tique nervoso da cabeça. Para a esquerda. Esqu - esqu- esquerda.
Não é que falte algo. É que não vaza o suficiente. É que não sobra. É que um corpo é só um corpo, enfiar a cara na parede só dá um nariz quebrado. Superar marcas no chão não é nada, qualquer cretino numa olimpíada faz isso.
É que o medo de olhar em volta pulsa. Não interrompe, não vomita. Não pára, mas também não imita. Onde minha corrente, onde a minha vontade? Posso enfiar todos os dedos e rasgar em um ângulo reto, sangue caindo é só sangue caindo.
Isso eu vejo no youtube.

Não é uma questão de confiança. Confiança nunca levou nada adiante. É uma questão de sedução.
Eu te interesso se você me interessar. Se você me mostrar. E esconder.
Se vocês tocarem onde.
Um comando ou um pedido, me faça ver.

Não tem a ver com amizade.
Não tem a ver com laços.

É esse fosso negro que arrasta tudo para dentro dentro dentro. Com veias de um vinho que escorre e nos deixa com a voz rouca.
É esse visgo que enovela tudo o que está perto dele, é bom e é ruim, é verdade e é mentira, é ânsia e é gozo.

É fluxo terno de um caldo que desce pelos nossos ouvidos, que embaça nossos olhos, que deixa nossa boca grossa.
Empapada. Por mais. Não ambição ou gula. Nem fome. Só aquilo que.

Eu tenho algo. Todos têm. Lá fora e aqui.

Aqui dentro.

E não tem a ver com fazer algo dar certo ou aprender algo. Melhorar, então, nem se fala.

Tem a ver com o que um bebê vê ao sugar a mãe, tem a ver com os ciúmes ordinários, as feridas diárias, as incompreensões constantes e o eco vazio que faz a voz, lá fora ou aqui. Não há resposta.

Tem a ver com o timbre rouco, já disse, rouco da garganta.
Tem a ver com o grito do esfolado e a risada da amputação.

Tem a ver com o desejo suicida que me faz agarrar outro corpo.
Tem a ver com o Oco.



Toc, toc.
Quem é?
Tem dias que eu só sinto uma vontade de morrer e deixar tudo esvair pelo ralo. Mas por enquanto eu me seguro.

5 comentários:

Catarina Alice disse...

Eu gosto do ralo.

Juão disse...

Nao tem como deixar passar batido
é denso demais
ao ponto de atrapalhar muito o caminho
nao dá pra não ser atingido

acho que falta mais sedução de ambas as partes sim.e tneho certeza, quando não da certo a falha foi de ambos.

"Mas não tente se matar, pelo menos essa noite não." (Lobão)

Anônimo disse...

You could have it all
My empire of dirt

I will let you down
I will make you hurt
If I could start again

A million miles away
I would keep myself
I would find a way

meL disse...

Só me resta um dedo.
Depois a queda.
Curiosa pra ver onde o ralo vai dar...

Anônimo disse...

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